quarta-feira, 13 de abril de 2011

O QUE FAZEMOS COM NOSSO TEMPO???


Partindo do princípio de que tempo é vida, será que conseguimos viver em meio a todo o estresse que o mundo moderno emprega?
Será vida o que temos?
Fico aqui me perguntando o que estamos fazendo conosco e com os outros.
Entramos e saímos de relacionamentos sem nem mesmo entender a história pessoal do outro.
Suas conquistas e dificuldades, suas limitações e sonhos.
Nos relacionamos com o outro e não entendemos como este se relaciona com o universo –aliás não sabemos nem como nós nos relacionamos.
Não entramos no contexto, não participamos, não temos tempo – temos pressa!

Não cuidamos das nossas crianças.
Não cuidamos das nossas casas, das nossas conquistas, não cuidamos do nosso corpo, do nosso espírito, da nossa mente.
Emocionalmente, não evoluímos.
Somos como crianças grandes à procura de tempo, de espaço, de paz e, quem sabe, um pouco de acalento.
Confundimos, então, prazer com felicidade, dor com infelicidade, amor com controle, dinheiro com realização.

Então, seja em qual dimensão for vivemos, há aquela sensação de ficar na falta. Estamos devendo todo o tempo.
Mais tempo para com nossos familiares, mais tempo no trabalho, mais tempo para o lazer, mais tempo para o desenvolvimento espiritual, mais tempo…


A questão é: não temos tempo!
Fomos presenteados com 24 horas e o direito de fazer tudo, tudo caber dentro desse espaço.
Agora quantas 24 horas vamos ter?!
Bem, ninguém sabe.
Então, por que a pressa?
Por que o egoísmo, o egocentrismo?
Por que a loucura de imaginar que somos proprietários ou que pertencemos a algo que não a nós mesmos e a esse presente que é viver?

Por que e pra quê tanta ilusão?!
Não seria melhor se, de uma vez por todas, entendêssemos isso e passássemos a cuidar de nós em primeiro lugar para então ir para o outro e para nossas relações mais inteiros, mais íntegros, mais possíveis?
Não seria mais fácil cultivar o amor internamente para então distribuí-lo sem condição, sem cobrança, sem melodrama?
Pois é.
Essa é a questão.
O que fazemos com nosso tempo?
O que fazemos conosco?
Serão as regras atuais do mundo – mais masculino que feminino adequadas a nós mulheres?!
Até quando vamos achar normal ficar 12, 14 horas em um escritório e, depois, destruídas, voltar para casa para cuidar de tudo o mais?
Por quanto tempo vamos suportar essa pressão?
E, vocês homens, por quanto tempo mais irão conviver com 12, 14 horas em um escritório e, depois, destruídos, voltar para casa para cuidar de tudo o mais?!

É…
No passado, o tempo possuía outra dimensão e os papéis de um e outro eram claros. Hoje, com toda a tecnologia a nosso favor, nos perdemos em meio a tantos afazeres e vivemos aprisionados.
E, apesar de antenados, conectados, atualizados, disponíveis, bonitos, interessantes etc, etc, não nos sentimos o suficiente.

Para alguns, isso é fruto da mídia, que nos impulsiona a querer sempre mais.
Para mim, muito além da mídia, está o vazio que é intrínseco a cada um de nós.
Um vazio quase existencial que, em algum momento, entendemos ser a saída para uma vida de mais qualidade.
Quantos vão sobrar para apagar a luz com algum resto de sanidade – bem, essa é uma outra história.
Quantos vão acordar um dia e sair por aí matando ou se deixando matar em relações doentes? … É também outra história.

Se todo o empenho que empregamos hoje para corrigir e nos equilibrar fosse usado de forma preventiva para que pudéssemos viver numa sociedade melhor e mais justa, nosso planeta não estaria aí, agonizando.

Então, fica aqui a pergunta: qual é a sua parte?
O que você pode fazer hoje, agora, a seu favor e, por consequência, àqueles que ama? O que falta para que, além dos que ama, você possa se doar também à comunidade?
Qual o seu papel?
Qual a sua escolha?
Qual a sua história pessoal, qual a sua fé?

A vida pode ser sempre melhor quando entendemos que vivemos em sociedade e que, sim, é de nossa responsabilidade tudo que nos chega e, de alguma maneira, tudo o que está a nossa volta.
Melhorar a si mesmo, conhecer-se profundamente ainda é o ponto central do caminho do meio.
Mas é só o primeiro passo…

Escolhas, sempre escolhas



Por Sandra Maia . 12.04.11 - 17h47

terça-feira, 12 de abril de 2011

A LENDA DO DINHEIRO


Conta-se que, no princípio do mundo, o Senhor entrou em dificuldades no desenvolvi­mento da obra terrestre, porque os homens se entregaram a excessivo repouso.

Ninguém se animava a trabalhar.
Terra solta amontoava-se aqui e ali.
Mine­rais variados estendiam-se ao léu.
Águas estag­nadas apareciam em toda parte.

O Divino Organizador pretendia erguer la­res e templos, educandários e abrigos diversos, mas... com que braços?

Os homens e as mulheres da Terra, convi­dados ao suor da edificação por amor, respon­diam:
– “Para quê?“ E comiam frutos silves­tres, perseguiam animais para devorá-los e dor­miam sob as grandes árvores.

Após refletir muito, o Celeste Governador criou o dinheiro, adivinhando que as criaturas, presas da ignorância, se não sabiam agir por amor, operariam por ambição.

E assim aconteceu.
Tão logo surgiu o dinheiro, a comunidade fragmentou-se em pequenas e grandes facções, incentivando-se a produção de benefícios gerais e de valores imaginativos.

Apareceram candidatos a toda espécie de serviços.
O primeiro deles pediu ao Senhor permissão para fundar uma grande olaria.
Outro requereu meios de pesquisar os minérios pesados, de ma­neira a transformá-los em utensílios.
Certo trabalhador suplicou recursos para aproveitamento de grandes áreas na exploração de cereais.
Outro, ainda, implorou empréstimo para produzir fios, de modo a colaborar no aperfeiçoamento do ves­tuário.
Servidores de várias procedências vieram e solicitaram auxílio financeiro destinado à cria­ção de remédios.

O Senhor a todos atendeu com alegria.

Em breve, olarias e lavouras, teares rústicos e oficinas rudimentares se improvisaram aqui e acolá, desenvolvendo progresso amplo na inteli­gência e nas coisas.

Os homens, ansiosamente procurando o di­nheiro, a fim de se tornarem mais destacados e poderosos entre si, trabalhavam sem descanso, produzindo tijolos, instrumentos agrícolas, máquinas, fios, óleos, alimento abundante, agasalho, calçados e inúmeras invenções de conforto, e, assim, a terra menos proveitosa foi removida, as pedras aproveitadas e os rios canalizados convenientemente para a irrigação; os frutos foram guardados em conserva preciosa; estradas foram traçadas de norte a sul, de leste a oeste e as águas receberam as primeiras embarcações.

Toda gente perseguia o dinheiro e guerrea­va pela posse dele.

Vendo, então, o Senhor que os homens pro­duziam vantagens e prosperidade, no anseio de posse, considerou, satisfeito:

– Meus filhos da Terra não puderam servir por amor, em vista da deficiência que, por en­quanto, lhes assinala a posição; todavia, o di­nheiro estabelecera benéficas competições entre eles, em benefício da obra geral. Reterão provi­soriamente os recursos que me pertencem e, com a sensação da propriedade, improvisarão todos os produtos e materiais de que o aprimoramento do mundo necessita. Esta é a minha Lei de Empréstimo que permanecerá assentada no Céu. Cederei possibilidades a quantos mo pedirem, de acordo com as exigências do aproveitamento co­mum; todavia, cada beneficiário apresentar-me-á contas do que houver despendido, porque a Morte conduzi-los-á, um a um, à minha presença. Este decreto divino funcionará para cada pessoa, em particular, até que meus filhos, individualmente, aprendam a servir por amor à felicidade geral, livres do grilhão que a posse institui.

Desde então, a maioria das criaturas passou a trabalhar por dedicação ao dinheiro, que é de propriedade exclusiva do Senhor, da aplicação do qual cada homem e cada mulher prestarão contas a Ele mais tarde.


Do cap. 31 do livro Alvorada Cristã, de Neio Lúcio, obra psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier.